A autocobrança costuma ser fruto de uma autoestima baixa e da dificuldade em lidar com falhas. Ela pode se desenvolver na infância, em casos em que os pais sejam muito controladores e perfeccionistas, e pode também, ter suas raízes no período da pré-adolescência, quando o adolescente está descobrindo sua identidade, buscando novas formas de se destacar, e começa a comparar-se com os outros.
Toda a cobrança excessiva traz consigo consequências, e devem ser estudadas a fim de promover a profilaxia destes efeitos.
As possíveis causas da autocobrança
Cada manifestação de autocobrança tem seu motivo, assim, deve-se avaliar o contexto de cada um para uma melhor profilaxia das consequências.
Infância. É possível que a autocobrança tenha origem no período da infância, no caso de pais muito controladores ou perfeccionistas, assim, torna-se comum a criança querer reproduzir o comportamento dos responsáveis.
Pré-adolescência. No período da pré-adolescência, é natural que os jovens se dividam em grupos e tentem se destacar. Contudo, no processo de se destacar em relação à média, é muito provável que o jovem tenha desenvolvido algum traço de autocobrança. Muitas vezes, o pré-adolescente quer se destacar em coisas fúteis, como: quem tem mais seguidores nas redes sociais? Quem tirou a foto mais bonita? Quem conseguiu mais curtidas? Quem tem a aparência melhor? Todas essas situações geram conflitos internos que agravam o quadro de baixa autoestima do jovem.
Os efeitos da autocobrança
Uma pessoa que se cobra demais, acaba desenvolvendo alguns traços como mecanismos de defesa. É importante o autoconhecimento, proveniente da autopesquisa para um melhor entendimento sobre si mesmo, e melhores estratégias de mudanças.
Timidez em excesso. Muitos pensam que a timidez não tem nada em comum com a autocobrança, isso acontece porque a sociedade associa essa cobrança somente ao perfeccionismo. O jovem que tem a tendência a se cobrar demais, apresenta certo nível de insegurança quanto às próprias potencialidades, com isso, muitas vezes se acanha perante os outros.
Medo da rejeição. Com a insegurança, vem o medo de ser rejeitado. O jovem que apresenta este traço tenta a todo esforço se encaixar nos padrões comportamentais da sociedade atual, se preocupando somente com a opinião alheia, e temendo que esta seja negativa.
Competitividade excessiva. O pensamento de “eu não sou bom o suficiente, preciso me provar”, começa a criar um padrão de competitividade no jovem. Geralmente, a vontade de competição advém de uma baixa autoestima, e da necessidade íntima de provar sua capacidade para os outros. Com isso, o jovem começa a criar situações onde tenha competição entre as demais pessoas, para mostrar suas capacidades e suprir uma pequena parcela da baixa autoestima.
Dificuldade em lidar com críticas. A dificuldade em lidar com críticas tem relação com o medo da rejeição. O jovem inseguro tenta agir conforme o padrão de sua faixa etária por medo de não ser aceito, então não sabe lidar com comentários negativos sobre si. Saber lidar com críticas, não significa ficar calado nas situações em que não é bem tratado e criticado, e sim, acolher as críticas construtivas como forma de aprendizado. A dificuldade em lidar com críticas também se relaciona com a falta de abertismo, com isso, a pessoa se fecha totalmente à opiniões e ideias divergentes à sua. Vale a pena reconsiderar este hábito.
Ansiedade. A ansiedade afeta mais de 18 milhões de brasileiros, e muitas vezes é resultado de uma autocobrança excessiva. Quem se cobra muito não gosta de deixar nada pendente e muitas vezes excede os limites somáticos para atingir todas as metas diárias. Este fator acaba gerando ansiedade, sensação de que precisa resolver todas as coisas o mais rápido possível, e também de forma eficiente.
Perfeccionismo. Este é o traço que as pessoas mais relacionam com a autocobrança. Há pessoas que acreditam que o perfeccionismo é uma qualidade, contudo, a perfeição não passa de mero padrão da sociedade. Ser perfeccionista vai muito além de ser organizado e deixar tudo alinhado, o perfeccionismo afeta o psicológico e o emocional do jovem, deixando-o cada vez mais obcecado pela perfeição. É interessante tentar qualificar o perfeccionismo, e transformá-lo em detalhismo. Com isso, o jovem adquire uma conduta mais homeostática, e mantém a postura detalhista.
Invéxis versus Perfeccionismo
A inversão existencial é a técnica de otimização máxima da vida humana, aplicada na juventude, fundamentada na Conscienciologia, e que visa o exercício precoce da interassistência.
O traço do perfeccionismo pode aparecer em grande parte dos candidatos à invéxis, ou inversores existenciais, o importante é o jovem entender como se manifesta diariamente, e tentar encontrar mecanismos com o intuito de reciclar e superar essa tendência.
A inversão existencial pode servir como catalisadora no processo de qualificação da autocobrança, pois tendo em vista que a técnica visa a evolução precoce, é natural que o jovem inversor se predisponha a realizar reciclagens que vão otimizar sua atuação evolutiva.
O inversor visa prestar assistência precocemente, e o perfeccionista precisa ter o controle de todas as situações, com isso, é incoerente o jovem deixar o traço do perfeccionismo se sobressair nas suas atuações assistenciais. É importante refletir que o trabalho assistencial muitas vezes foge do controle do assistente, isso porque, deve-se considerar a multidimensionalidade e o auxílio do amparo de função, e não só a intenção inicial.
– Leia também: http://assinvexis.org/artigos/autoconhecimento-na-juventude-alem-do-simplismo/