Quais as diferenças entre a Antimaternidade e o Childfree?
Gestação na atualidade
A maternidade ou paternidade compulsórias, há séculos vigentes nas sociedades conservadoras, não mais se aplica em nosso contexto evolutivo atual. Porém, nas últimas décadas, o papel social do homem e da mulher, bem como a função da família tem sido questionados.
Dentro disso, o número de casais sem filhos tende a crescer em todo mundo, principalmente em locais de maior escolaridade. A fim de ilustrar, só no Brasil, em 2015, na última pesquisa realizada pelo IBGE, o número de casais sem filhos chegou a 19,9%. Já nos Estados Unidos, 47,6% das mulheres entre 15 e 44 anos de idade não tem filhos, fazendo o país chegar a uma baixa histórica na taxa de fecundidade.
Em vista disto, diversos movimentos te sido criados a fim de sustentar a ideia da nuliparidade. Um dos mais famosos dele, o movimento Childfree critica a ideia de que a mulher nasceu para ser mãe e deve cumprir com essa obrigação para ser feliz, completa e contribuir com a sociedade.
Entretanto, mesmo com a “modernização” das relações familiares e com o aumento do nível de escolaridade, a opção por não ter filhos continua a ser criticada. Muitas vezes, casais sem filhos são mais criticados do que casais imaturos, incapazes de cuidar de si mesmos.
No contexto da Conscienciologia, a inversão existencial propõe a Antimaternidade Produtiva, onde a mulher renuncia às gestações humanas para se dedicar às gestações conscienciais.
Childfree
O Childfree – livre de crianças – foi um movimento iniciado nos anos 1980 no Canadá e EUA, a fim de defender o direito de casais constituírem família sem filhos. Parte assim, do princípio da liberdade sexual e reprodutiva de mulheres e homens, na qual a maternidade ou paternidade não devem ser compulsórias.
Ela nasceu para acolher casais que desejam viver sem filhos em seu planejamento familiar, mas sofrem algum tipo de preconceito pela escolha. Em geral, os argumentos do Childfree baseiam-se na liberdade de escolha das pessoas e na crítica à pressão social para a geração de filhos.
Há diversos motivos que levam à uma pessoa não querer ter filhos. Esses motivos variam desde a vontade de se focar em uma carreira profissional mais demandante, até preocupações com problemas sexuais ou de saúde. Dentre esses motivos podemos destacar:
1. Estética. Preocupação com os efeitos da gravidez na estética corporal.
2. Lazer. Ter mais tempo de lazer, de viagens e com os amigos.
3. Saúde. Problemas congênitos de saúde.
4. Sexualidade. Medo do declínio da atividade sexual.
5. Relacionamento. Possíveis danos ao relacionamento afetivo sexual.
6. Repúdio. Repulsa à experiência da gravidez ou parto.
7. Profissão. Manter-se focado nos estudos ou na carreira profissional.
8. Superpopulação. Preocupação com a superpopulação mundial.
9. Sofrimento. Poupar crianças do sofrimento da vida humana.
10. Preferência. Simplesmente não gostar de crianças.
De forma geral, no contexto do childfree as motivações sustentam um determinado padrão de vida intrafísica. Esse padrão pode ter relação com algo mais altruísta, como a formação de uma carreira profissional assistencial, ou hedonista, como ter maior tempo de lazer e com amigos.
Childfree nos estabelecimentos
Ainda, ao longo dos anos, este movimento passou a ser estendido para estabelecimentos que não permitem a entrada de crianças. Bares, restaurantes ou hotéis de diversas partes do mundo passaram a proibir a entrada de crianças a fim de manterem um ambiente mais tranquilo para os adultos. Esta ação passou a gerar diversas críticas, pois foi entendida como discriminação ou ódio às crianças.
Obviamente, há locais onde não é indicado crianças, por exemplo, devido ao excesso de bebidas, drogas ou promiscuidade. Entretanto, a restrição de crianças em locais comuns, onde não há perigos físicos ou psicológicos as crianças, simplesmente para “manter a paz” dos adultos é um exagero. É semelhante a uma intolerância racial, na qual a pessoa não sabe lidar com o diferente ou com pequenas situações às quais discorda.
Independente das questões éticas envolvidas, esta atitude não tem relação com os objetivos básicos do childfree. A proposta inicial não é, necessariamente, ser contra crianças ou impedir que outros casais andem em locais públicos com seus filhos, mas sim a liberdade de escolha reprodutiva. Leitor, você já foi em algum estabelecimento comum onde proibiam a entrada de crianças?
Antimaternidade Produtiva
A antimaternidade produtiva, também chamada de antimaternidade sadia ou cosmoética, é um conceito baseado no paradigma consciencial, proposto pelo medico e pesquisador Waldo Vieira na Enciclopédia da Conscienciologia. Na sua definição destaca a condição da mulher por conta da maior pressão social em cima desta para a geração da prole, porém o conceito também abrange a antipaternidade.
Segundo Vieira, a “antimaternidade sadia é a opção evoluída dos intermissivistas em geral, especialmente da jovem inversora existencial, ao descartar a gestação humana e a maternidade do contexto da própria proéxis (programação existencial), priorizando a efetivação das gestações conscienciais, da tares e da policarmalidade”.
Para entendermos esta definição precisamos compreender dois conceitos principais: proéxis e gescon.
Primeiramente, a proéxis é a programação existencial, ou missão de vida. É um conjunto de tarefas, propostas pela própria pessoa antes de nascer, para serem cumpridas nesta dimensão intrafísica. A antimaternidade sadia tem relação com a proéxis, isto é, significa renunciar as gestações humanas para se dedicar a uma tarefa mais demandante e assistencial.
Já a gescon, ou gestação consciencial, é a produtividade útil da pessoa, centrada nas tarefas fraternas e libertárias da sua programação existencial. A gestação consciencial é o proposito maior da antimaternidade. As gescons são os verdadeiros filhos da inversora existencial.
Desta forma, muito mais do que reivindicar direitos, a pessoa que opta pela antimaternidade dedica sua vida ao esclarecimento do maior número de pessoas por meio das gescons.
Portanto, embora a Antimaternidade Produtiva também admita a necessidade de respeito às liberdades individuais, seu argumento principal está na assistência. Assim, a antimaternidade sadia é uma técnica que visa proporcionar liberdade para mulheres e homens que objetivam fazer assistência a um número maior de consciências.
Objetivos da Antimaternidade Sadia
Dentre os objetivos principais da antimaternidade, podemos citar:
1. Gescons. A dedicação exclusiva às gestações conscienciais, em detrimento das gestações humanas.
2. Liberdade. Libertação da mulher da condição de mera reprodutora ou cuidadora do lar, assumindo sua condição de consciência.
3. Neofilia. Busca por experiências novas, ainda não vivenciadas nas vidas anteriores. Somos mães e pais há muitos milênios.
4. Atacadismo. Vivência do atacadismo consciencial, isto é, a dedicação à várias frentes evolutivas simultaneamente, levando tudo de eito. Por exemplo, enquanto está na faculdade também dedicar-se ao voluntariado e a escrita de gestações conscienciais.
5. Assistência. A dedicação assistencial ao maior número de pessoas possível, através do voluntariado, da docência e da pesquisa.
É importante lembrar que pessoas com filhos podem fazer assistência, mas nem sempre se pode fazer o que se quer, mas sim aquilo que é possível. Este é o caso da técnica da recéxis, onde a pessoa busca a dedicação à proéxis e às gescons, porém já com algum nível de comprometimento em suas vidas.
Ressalta-se que é ingenuidade achar que após uma gestação o casal terá a mesma disponibilidade de antes. Um filho torna-se a prioridade do casal por pelo menos 2 décadas. Há aquelas pessoas que pensam em ter filhos querendo deixá-los com babás, eximindo-se da responsabilidade.
Vale lembrar que a invéxis, a ASSINVÉXIS ou este autor não são contra crianças. Esta é uma proposta libertária, para aqueles que acham que a maternidade ou a paternidade não é mais para si. Também é importante reforçar a ideia de que a antimaternide egóica ou ociosa também não tem relação com a invéxis.
Antagonismo Antimaternidade sadia-aborto
Apesar da quantidade de anticoncepcionais disponíveis, do maior nível de escolaridade e da difusão de informações, ainda é alto o índice de gravidez na juventude. Dentro deste contexto de gravidez precoce muitas escolhem o aborto. Estes por sua vez, são feitos geralmente em condições precárias, expondo as mulheres – geralmente garotas adolescentes – a situação de grave risco físico e psicológico.
Destaca-se que entre 2008 e 2015 ocorreram 200.000 internações por causas ligadas ao aborto, e somente 1.60 delas era por causas médicas legais. Ainda, estima-se também que apenas 50% dos casos de aborto precisam de internação.
A despeitos das discussões éticas a respeito da legitimidade do aborto ou de sua legalização, sua prática implica na perda da oportunidade de aplicação da invéxis e da antimaternidade sadia. O abordo é antagônico a antimaternidade pelas seguintes razões:
1. Gestação. A condição da maternidade não começa no nascimento, mas sim na concepção do feto na gestação.
2. Organização. A invéxis propõe a organização profilática da vida, sendo o aborto um caso de desorganização, exigindo um caso extremo de intervenção na saúde.
Em suma, destaca-se que a inversão existencial e a antimaternidade lúcida são técnicas profiláticas, onde a jovem busca definir aquilo que deseja para sua vida desde a adolescência. Dentro disso, existem diversas ferramentas capazes de auxiliar a adolescente mais lúcida na profilaxia de desvios proexológicos.
Diferenças entre Childfree e a Antimaternidade Sadia
Apesar das semelhanças, há diferenças fundamentais entre o Chindfree e a Antimaternidade.
O movimento Childfree busca principalmente o direito do ser humano em dedicar sua vida ao que bem entende sem a interferência de crianças e ideologias apologistas da maternidade. Sendo assim, um movimento de caráter reivindicatório, centrada no individualismo e no direito de satisfação das necessidades pessoais.
Dentro dele é comum ver casais argumentarem que filhos irão prejudicar sua carreira profissional, horas de lazer e viagens e além de gerar gastos excessivos. Por isso, optam por não ter filhos a fim de manterem uma vida mais confortável e/ou hedonista. Este tipo de raciocínio não é errado, ou necessariamente prejudicial, porém superficial e egoísta.
A antimatenidade produtiva por sua vez busca principalmente proporcionar à mulher e ao homem liberdade e disponibilidade para a dedicação integral a proéxis. Nela é enaltecido, tanto no homem quanto na mulher suas qualidades de consciência, além do corpo físico.
Se entende ser muito mais frutífero a assistência a milhares de pessoas do que a dedicação exclusiva à 1 ou 3 filhos. Ambas as condições por vezes exigem o mesmo nível de dedicação e abnegação, porém a segunda tem um saldo evolutivo maior.