Você já ouviu falar em nômades digitais? Segue alguém nas redes sociais que adotou esse estilo de vida? Já pensou nos prós e contras dessa forma de trabalhar e viver em termos evolutivos e se vale a pena para você?
A crescente tendência do nomadismo digital
O nomadismo digital é mais do que uma forma de trabalho remoto, é um estilo de vida que une a liberdade geográfica, a conectividade e o turismo. Nesse sentido, os nômades digitais são aqueles que possuem liberdade para viajar e trabalhar de qualquer lugar do mundo, a partir da internet, e por isso não possuem residência fixa.
É importante ressaltar a diferença entre trabalhador remoto e nômade digital: todo nômade digital é um trabalhador remoto, mas nem todo trabalhador remoto é um nômade digital, pois não necessariamente tem a permissão e liberdade para viajar a qualquer momento.
Mas por que esse estilo de vida está crescendo? De acordo com Carolina Cozer (2019), do site Consumidor Moderno, mudanças nas últimas décadas contribuíram para a construção de um contexto favorável, como por exemplo:
- Baixa dos preços das passagens após a globalização;
- Facilidade de deslocamento e transporte entre países a partir do Mercosul, União Européia e outros tratados internacionais;
- Ascensão de profissionais que não precisam de local fixo para trabalhar como design gráfico, profissional de marketing, programadores e criadores de conteúdo;
- Melhorias de conectividade como wi fi e internet 4G e 5G.
A partir desse contexto favorável, o estilo de vida do nomadismo digital já vinha crescendo há anos, mas o aumento abrupto de popularidade se deu com a pandemia do COVID-19 e a consolidação do home office, como pode-se notar no exemplo dos Estados Unidos (EUA): segundo o MBO Partners 2021 State of Independence Study, apenas em 2020, o número de nômades digitais nos EUA subiu quase 50% para 11 milhões. Depois, em 2021, o número aumentou ainda mais, chegando a 15,5 milhões de nômades digitais.
Por esse motivo, há mudanças significativas no mercado de turismo, políticas internas de empresas, sites de oferta de empregos, locais de coworking e coliving para auxiliar nesse estilo de vida, além do incentivo de vários países para atrair esse tipo de profissional.
De acordo com Beatriz Fuentes (2022), da CNN Brasil, há cerca de 23 países que adotaram vistos específicos para os nômades digitais. Entre eles, Brasil, Portugal, Grécia, Islândia, Tailândia, Emirados Árabes, Costa Rica e Argentina.
Além disso, algumas pesquisas mostram que esse estilo de vida veio para ficar:
- De acordo com o Relatório Global de Tendências Migratórias 2022 da Fragomen, empresa global especializada em migração, é estimado que até 2035 existam cerca de 1 bilhão de nômades digitais no mundo.
- Conforme o trend tracking do site Exploding Topics, pesquisas sobre o termo “nomad visa” (visto de nômade) aumentaram incríveis 2.400% nos últimos cinco anos.
- Segundo relatório recente da Qualtrics, 80% dos empregados que estão procurando por um novo trabalho disseram que seria importante que o próximo emprego oferecesse a oportunidade de morar onde quisessem.
Portanto, ao elaborar um plano de carreira, é interessante incluir esse estilo de vida entre as opções a serem analisadas a fim de identificar os prós e contras e se é coerente com os valores pessoais.
Estilo de vida do nômade digital
Alguns termos e frases têm surgido a partir do nomadismo digital, como o “anywhere worker”, o “trabalho não é um lugar que se vai, trabalho é algo que se faz”, “trabalho é onde há wi fi”, chamam a atenção para o que pode resumir esse estilo de vida: a liberdade geográfica.
O nomadismo digital, como já falado, é realidade para diferentes profissionais, incluindo aqueles com vínculo formal com alguma empresa. O estilo de vida leva o espírito de férias para o expediente: mesmo que a rotina geral de trabalho possa ser a mesma, no tempo livre o trabalhador tem oportunidade de saborear uma comida típica, visitar pontos turísticos, passear e conversar com pessoas diferentes do seu local de origem.
Por outro lado, existe uma glamourização enorme do tema, segundo a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Associação Internacional de Gerenciamento do Stress (ISMA) no Brasil em entrevista para a UOL (2020). O nomadismo digital não significa “largar tudo” e viver com as próprias regras. Existem metas e atividades do trabalho a serem cumpridas e, como alguns nômades relataram em reportagem da UOL para Raquel Verano (2020), as rotinas de trabalho são intensas, podendo trabalhar também em finais de semanas e feriados. Quase não tiram férias ou folgas e há relatos de profissionais com burnout, estafa, vício na internet e síndrome do pânico. Portanto, esse estilo de vida não é para qualquer um e exige discernimento e disciplina para equilibrar o trabalho, saúde e lazer.
Ainda assim, o estilo de vida em questão tem tido muita adesão da geração Z, ou seja, de pessoas que nasceram entre o fim da década de 1990 e 2010. No entanto, os nômades digitais não são apenas jovens de “20 e poucos anos” fazendo mochilão e trabalhando de qualquer lugar em que possam conectar o notebook à uma tomada. Atualmente o estilo de vida atrai também famílias devido a flexibilidade de os filhos poderem estudar em casa e os pais trabalharem de qualquer lugar do mundo.
Pelo o trazido até o momento, pode-se perceber que o nomadismo digital foca no aproveitamento da vida sob um viés mais hedonista, imediatista e limitado ao espaço-tempo dessa vida em específico. Os que adotam esse estilo de vida priorizam experiências no lugar de posses e um ponto em comum é a busca por uma rotina mais flexível e interessante e, por estarem trabalhando em um destino especial de alguma maneira, acabam tendo vivências que a maioria apenas desfruta durante as férias.
As viagens são uma excelente forma de conhecer outras culturas, ampliar a cognição, expandir o conhecimento e é muito interessante que mais e mais pessoas tenham essas vivências, pois as tiram do “mundinho” pessoal e amplia a visão de mundo.
Mas e se o aproveitamento da vida humana puder ser focado na aceleração da evolução pessoal e não apenas em colecionar memórias, experiências culturais e carimbos no passaporte?
Considerando a hipótese de que essa não é a primeira e nem última vida que vivemos, o que acha de ter experiências que sejam significativas impactando as próximas vidas pessoais e contribuindo para as outras pessoas?
Inversão existencial: dedicação integral à programação de vida
A inversão existencial é mais que um estilo de vida, é uma técnica de viver em que se objetiva aproveitar a vida de maneira evolutiva, priorizando a assistência desde a juventude a fim de cumprir com a programação de vida. E quando digo aproveitar a vida de “maneira evolutiva”, quero dizer, por exemplo:
- Realizar mudanças íntimas significativas, tornando-se uma melhor versão de si mesmo;
- Priorizar a ajuda às outras pessoas, principalmente de forma que não gere dependência;
- Ampliar a vivência do parapsiquismo pessoal a fim de alcançar maior autoconscientização multidimensional diária;
- Investir na intelectualidade a fim de recuperar cons intermissivos e qualificar a forma de pensar, além das produções intelectuais de livros, artigos, verbetes;
- Retribuir os aportes recebidos desde o início dessa vida.
Para isso, quando se opta por aplicar a técnica da invéxis, o jovem realiza um maxiplanejamento da própria vida visando cumprir uma programação existencial, planejada em curso intermissivo (link texto curso intermissivo). Desse modo, no período de vida até cerca de 35 anos de idade, procura-se estabilizar as áreas da vida como afetiva, financeira e carreira, para que possa ter dedicação integral à proéxis no futuro.
Os preparativos para a consecução da proéxis, a partir da técnica da invéxis, incluem a profilaxia de tendências pessoais negativas e influências mesológicas patológicas; a priorização da interassistência, do voluntariado, de rotinas úteis e autopesquisa; e investimento em ganho precoce de maturidade, recuperação de cons e autonomia consciencial.
Ao fazer contrapontos entre a técnica da invéxis e o estilo de vida do nômade digital, podemos observar as seguintes desvantagens do nomadismo digital:
- Dificuldade de fixação de rotinas evolutivas dependendo da frequência das viagens;
- Priorização das vivências apenas intrafísicas, não pensando no viés macro da evolução;
- Dificuldade na manutenção da convivência e fortalecimento de vínculos com amizades evolutivas;
- Instabilidade financeira, dificultando a meta da independência financeira importante na invéxis;
- Possível adiamento do início da tenepes devido às incertezas e instabilidades do estilo de vida;
- Liberdade geográfica e não necessariamente liberdade evolutiva.
Liberdade geográfica vs. liberdade evolutiva
A liberdade geográfica diz respeito ao espaço físico e à localidade. É a liberdade de poder ir e vir, de poder residir onde quiser sem comprometer o trabalho. Já a liberdade evolutiva é a possibilidade de manifestar-se de forma holossomática, obtendo-se resultados positivos à evolução das conscins e consciexes.
Conforme Matos (2018), a partir da aplicação da técnica da invéxis, foram listadas as seguintes consequências relativas à liberdade evolutiva proporcionada:
- A manifestação de liberdade quanto ao consensual rumo de vida: nascer, crescer, casar, reproduzir e morrer.
- A manifestação libertária do autodomínio da fisiologia pessoal e do uso inteligente do próprio corpo.
- A manifestação máxima da liberdade decisória do curso da própria existência;
- A manifestação antecipada da inteligência evolutiva (IE), pautada na recuperação precoce de cons, e por isso, da liberdade no sobrepujamento da paragenética pessoal frente à mesologia.
Seguindo essa linha de raciocínio, nota-se que a aplicação da técnica da invéxis pode contribuir para o aumento da liberdade pessoal, em termos evolutivos, indo muito além da liberdade geográfica devido ao impacto na manifestação pessoal multidimensional e possibilidades interassistenciais.
Por tudo isso, é importante ter clareza quanto ao propósito de vida e aos valores pessoais a fim de tomar decisões mais discernidas e acertadas ao longo da vida, guiando o próprio caminho. Isso vale para a escolha da profissão e a elaboração do plano de carreira, mas é válido lembrar que se resume apenas a uma área da vida.
O nomadismo digital, por ser um estilo de vida, vai além do planejamento de carreira e está atrelado à forma como se quer viver essa existência. Já a invéxis é uma técnica de viver e possui uma metodologia a ser seguida e metas. Para saber mais sobre inversão existencial e assuntos relacionados, leia mais textos em nosso blog.
Referências bibliográficas:
- CASTRILLON, Caroline. Why The Digital Nomad Lifestyle Is On The Rise. 2022. Revista Forbes. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/carolinecastrillon/2022/07/17/why-the-digital-nomad-lifestyle-is-on-the-rise/?sh=1d4921554934. Acesso em: 04 fev. 2023.
- COZER, Carolina. Millennials criaram um novo estilo de vida: o nomadismo digital: por que esta geração está investindo neste novo jeito de trabalhar, que une turismo, trabalho remoto e conectividade?. Por que esta geração está investindo neste novo jeito de trabalhar, que une turismo, trabalho remoto e conectividade?. 2019. Disponível em: https://www.consumidormoderno.com.br/2019/12/09/millennials-nomadismo-digital/. Acesso em: 04 fev. 2023.
- MATOS, Guilherme; Sinergismo Invexibilidade-Liberdade; verbete; In: Vieira, Waldo; Org.; Enciclopédia da Conscienciologia; 9ª Ed. rev. e aum.; Associação Internacional de Enciclopediologia Conscienciológica (ENCYCLOSSAPIENS); & Associação Internacional Editares; Foz do Iguaçu, PR; 2018; páginas 20.816 a 20.822.
- MBO Partners; The Digital Nomad Search Continues; MBO Partners 2021 State of Independence research brief. Research Briefs from State of Independence in America series. 2021. Disponível em: https://www.mbopartners.com/state-of-independence/2021-digital-nomads-research-brief/. Acesso em: 10 fev. 2023.
- PUENTE, Beatriz. Nômades Digitais: estilo de vida pode ser adotado por até 1 bilhão de pessoas até 2035. 2022. CNN Brasil. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/nomades-digitais-estilo-de-vida-pode-ser-adotado-por-ate-1-bilhao-de-pessoas-ate-2035/. Acesso em: 06 fev. 2023.