A Geração canguru, é a geração dos jovens na faixa etária de 25 a 34 anos, em média, que permanecem morando, ou retornaram para a casa dos pais por opção, mesmo tendo independência financeira. (COBO, 2010)

A saída dos filhos da casa dos pais é um dos momentos marcantes nas relações familiares. Ao passo que assumem a própria independência afetiva e financeira, os filhos constituem novas famílias, e a separação do lar em que residiam na infância é um dos marcos da assunção da adultidade.

A permanência desta população de jovens na moradia dos pais é um fenômeno mundial, e cresceu no Brasil nos últimos dez anos de acordo com IBGE. No ano de 2002, 20% dos jovens entre 25 e 34 anos vivia com os pais, e em 2012 essa taxa subiu para 24%. Em contrapartida, o estudo do IBGE aponta que essa geração tem maior escolaridade média. Depois em 2012, 14% dos que não deixaram o lar materno continuaram estudando, e 9% dos que não deixaram, continuaram estudando.

O canguru como referência ao termo geração canguru

Geração canguru e motivações

Inquéritos em pesquisas reúnem os motivos que levam os jovens a adiar a saída da casa dos pais, por exemplo comodismo, insegurança financeira, possibilidade de investir por mais tempo na carreira profissional.

Formação profissional

Em primeiro lugar uma das razões da geração canguru são as maiores exigências de qualificação no mercado de trabalho, populações com rendas maiores são responsáveis pela permanência mais longa dos filhos em casa.

Portanto existem pesquisas em estudos populacionais, esclarecendo que a geração canguru cresce devido à escolha das famílias, tanto dos jovens quanto dos pais, para avançar nos estudos e na qualificação profissional. Em outras palavras a intenção, em muitos casos, seria aguardar uma condição ideal de qualificação profissional para sair de casa com mais segurança. Em suma a pós-graduação, mestrado, doutorado, especialização, e estágios trazem essa segurança.

Desenvolver casamento civil ou religioso

Em segundo lugar entra o casamento civil e religioso como pré-requisito, para assim haver a saída da casa dos pais diretamente para a moradia da nova família nuclear, a do casamento. Nesse caso, a pessoa opta por não passar pela experiência de moradia sozinha por sua conta.

Em terceiro lugar há ainda a parcela da população que decide continuar morando na casa dos pais, mesmo após a adultidade. Portanto a união de famílias, com a mudança do cônjuge do filho e dos filhos do casal, netos dos donos da casa, para o interior do lar.

Fenômenos modernos e geração canguru

Alguns fenômenos modernos, como os listados abaixo, relacionam-se com o aumento da geração canguru:

  1. Aumento do desemprego.
  2. Ampliação dos riscos urbanos e da violência.
  3. Aumento do custo habitacional e custo de vida.
  4. Crescimento dos conglomerados urbanos, e concentração das oportunidades de emprego e qualificação profissional nestes centros.
  5. Questões psicológicas como fobias sociais, mudanças na educação escolar e domiciliar.
  6. Questões sócio-demográficas (queda da taxa de fecundidade, aumento da idade ao casar, aumento do número de divórcios e separações conjugais.
  7. As singularidades da nova geração de jovens, como atraso na maturidade, prolongamento da adolescência, a recusa de assumir responsabilidades.

Você já viu esse fenômeno acontecer próximo a você ou conhecidos?

Diferença de limitações e comodismo na geração canguru

Há situações e famílias que passam por limitações reais à separação dos filhos da casa dos pais, como desemprego, formação profissional básica em andamento, baixo rendimento que constitua dependência financeira de fato.

Da mesma forma existem outras condições impeditivas de base psicológica como fobias, retardos, e condições de deficiências físicas incapacitantes que exigem, naquela circunstância, a moradia com os pais.

Por outro lado podemos perceber a ocorrência de um grande número de pessoas, que já reúne as condições necessárias para a saída da casa dos pais. Portanto este perfil especificamente já possui independência financeira e renda própria, além de saúde física e psicológica, porém permanece no lar familiar. Este fenômeno nomeia a “Síndrome do Canguru” (VIEIRA, 2015).

Síndrome do canguru sob a ótica da conscienciologia

A Conscienciologia é a ciência que se dedica a estudar a consciência de maneira integral visando à evolução consciencial. Pela ótica da Conscienciologia, a síndrome do canguru pode ser encarada como aspecto a ser superado pela pessoa disposta, à aceleração da evolução pessoal.

Vemos muitas pessoas com todas as condições de sair de casa que utilizam certos argumentos, como laços sentimentais, valor da família, união familiar, “ainda não estou pronto”, desperdício financeiro com duas moradias, ou até a inabilidade de fazer as próprias tarefas domésticas.

Nesse âmbito, vocês percebem a ocorrência de situações de autocorrupção?

Quando a pessoa esquiva-se de exercer algum ato ou postura, mesmo sabendo ser a correta e prioritária para o seu momento evolutivo, apoiando-se em argumentos falaciosos, isso é autocorrupção.

Para esclarecer, vamos citar 6 motivos de autocorrupções relativas a síndrome do canguru:

1. Carência

A geração canguru motivada pela carência dos pais, velada ou explícita, que procrastinam a saída dos filhos do seio familiar por apego e dependência afetiva.

2. Responsabilidade

Fuga da assunção de responsabilidades pessoais, da pessoa e dos pais. Nesse caso, os filhos adiam a assunção das rédeas da própria vida, e os pais preferem se ocupar com a assistência aos filhos, para não encarar o próprio vazio existencial.

3. Medo

Os medos de diversos tipos, como o da solidão, da instabilidade financeira, da violência urbana e das próprias incapacidades com as tarefas domésticas.

4. Imaturidade

Nesse caso, a pessoa continua na casa dos pais para não assumir a vida adulta, prolongando a infância e adolescência mantendo o quarto nos moldes de quando era criança, onde passa longas horas sentando-se à mesa na hora das refeições.

5. Comodismo

Pode ocorrer a opção por continuar na casa dos pais onde a rotina doméstica favorece a preguiça e o comodismo pessoal, com comida e roupa lavada.

6. Conforto

A pessoa pode optar por não sair de casa, para manter-se na sua zona de conforto, evitando e protelando o desafio da própria moradia.

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Geração canguru e Invexologia

A Invexologia, especialidade da Conscienciologia que estuda a técnica da inversão existencial.

Esta técnica visa à otimização máxima da vida humana, desde a juventude para a dedicação pessoal ao cumprimento da programação existencial, dedicação à assistência e desenvolvimento pessoal.

Sob a ótica da Invexologia, a antecipação da maturidade pessoal constitui atributo a ser desenvolvido pelo jovem, visando à autonomia pessoal, e principalmente à liberdade de atuação. Ninguém é livre plenamente, morando na casa de outrem.

O jovem, ao antecipar a assunção da própria moradia, tem a condição de mudar o patamar pessoal para melhor, devido a vários aspectos a seguir:

  1. Antecipação da maturidade.
  2. Liberdade de atuação pessoal.
  3. Organização do próprio espaço.
  4. Aprendizado prático.
  5. Experiência de vida.
  6. Libertação de amarras sociais, psicológicas e afetivas.

Além disso, vale ressaltar também que a saída da casa dos pais e a assunção da própria autonomia financeira e doméstica, constitui liberação dos pais para investirem nas próprias vidas.

Carreira. “O investimento na carreira profissional possibilita a independência financeira. Assim, o jovem não se sujeita às dependências, assegura a liberdade de ação e libera os progenitores para interesse pessoais.” (NONATO 2011).

Os progenitores fizeram assistência primária à pessoa, durante as décadas de vida iniciais. A sua liberação assim que possível, nada mais é do que a retribuição ao aporte recebido.

Conclusões

Em conclusão, os fenômenos da Geração Canguru e da Síndrome do Canguru, merecem estudo crítico e análise aprofundada nos estudos da Conscienciologia e Sociologia.

Você, leitor ou leitora, identifica traços pessoais a serem reciclados e modificados ao analisar a Síndrome do Canguru? Você possui autonomia suficiente para assumir a própria moradia?

Leia também

1. Síndrome de Peter Pan: o que é e como superar.

2. É possível ser maduro desde a juventude?

Bibliografia específica

  1. Vieira, Waldo; 7ª Edição Eletrônica da Enciclopédia da Conscienciologia; 3.594 verbetes; www.tertuliaconscienciologia.org; Editares & CEAEC, 2015; Verbetes: Síndrome do Canguru.
  2. Cobo, Bárbara; & Saboia, Ana Lucia; A “Geração Canguru” no Brasil; Artigo; Anais XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais ABEP; Caxambú, MG; 21-23.09.10; 5 ilus.; 2 tabs.; 2 notas; 6 refs.; Caxambú, MG; 2010; páginas 1 a 11.
  3. Nonato, Alexandre; et al.; Inversão Existencial: Autoconhecimento, Assistência e Evolução desde a Juventude; pref. Waldo Vieira; 304 p.; 70 caps.; 17 E-mails; 62 enus.; 16 fotos; 5 microbiografias; 7 tabs.; 17 websites; glos. 155 termos; 376 refs.; 1 apênd.; alf.; 23 x 16 cm; br.; Associação Internacional Editares; Foz do Iguaçu, PR; 2011; páginas 48.

Webgrafia específica

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/11/cresce-indice-de-jovens-de-25-34-anos-que-vivem-com-os-pais-diz-ibge.html

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/11/geracao-canguru-e-fenomeno-mundial-diz-presidente-do-ibge.html

http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2015/07/fenomeno-da-geracao-canguru-vem-crescendo-sem-parar-no-brasil.html

http://www.valor.com.br/brasil/4794513/geracao-canguru-atinge-no-brasil-maior-parcela-em-11-anos