Muitos jovens passam por momentos delicados no período da sua adolescência. A necessidade de um sentido para a existência humana começa a ocorrer, principalmente, no período da menoridade, dos 13 aos 18 anos. Neste momento, a conscin (consciência intrafísica) se depara com inúmeros questionamentos acerca da vida e do mundo, também relacionados á ideologias e livre-arbítrio, e passa a buscar vivências que consigam lhe fornecer algum esclarecimento sobre o que significa tudo isso, levando em conta, também, a inversão existencial. 

Esta pelo livre-arbítrio busca pode ser bastante positiva, no sentido de a conscin querer conhecer o todo e conhecer-se, ao mesmo tempo em que adquire gradativamente experiência e aprendizado. Porém, a imaturidade humana e inexperiência presentes na adolescência, gargalos para quem aplica a técnica da inversão existencial, podem atrapalhar o pleno desenvolvimento consciencial e envolver a pessoa em situações que ainda não consegue enfrentar com autodiscernimento.

O primeiro terço da vida humana (do nascimento até os 26 anos de idade) é caracterizado pela manifestação da parte menos evoluída da personalidade enquanto consciência madura, pois ainda não recuperou a plena e total lucidez consciencial. Durante este período, o jovem pode passar pelo porão consciencial que é conhecido por ser o espaço de tempo onde a pessoa se manifesta mais através dos instintos, com o uso predominante dos defeitos, das invirtudes e dos traços-fardo ao invés do emprego das qualidades e potenciais que a mesma possui. Este período se manifesta com mais potência antes da adultidade da consciência, mas também pode perdurar na fase adulta, em casos onde não são trabalhados os traços conscienciais necessários para a superação dos maiores impeditivos da evolução íntima.

Trata-se de uma temporada de fragilidade da consciência, que passa por conflitos onde o inconsciente, as submemórias e a holomemória confrontam-se e originam dúvidas e confusões intraconscienciais.

No decorrer das experiências, a consciência procura aquilo com que se sente mais à vontade. Normalmente, a sua exploração segue o fluxo das suas afinidades e isso pode resultar em envolvimentos com grupos que funcionam sob a influência de fortes ideologias, como grupos sócio-políticos, por exemplo.

Entendidas como um processo natural e instintivo da maioria dos jovens, as ideologias permeiam os movimentos da juventude. Seja em prol de reinvindicações, de mudanças ou na defesa dos menos favorecidos (animais, por exemplo), essas convicções representam a luta por ideais na socin, ou sociedade intrafísica.

Receba as novidades sobre inversão existencial em primeira mão!

De acordo com o dicionário Houaiss da língua portuguesa, a ideologia é proposta pelo filósofo francês Destutt de Tracy, que a apresenta como uma ciência, no âmbito da filosofia, e concede a origem das ideias humanas às percepções sensoriais do mundo externo. Já no âmbito da sociologia, a mesma é tida como um sistema de ideias que refletem e defendem os interesses de um grupo social, sejam eles morais, políticos, religiosos ou econômicos.

O envolvimento do inversor com ideologias, ainda que por uma “boa causa”, pode ser um mata burro do seu próprio processo evolutivo, se não encarado com o máximo discernimento, uma vez que a conscin, ainda bastante imatura, passa a se manifestar emocionalmente, sob o domínio de emoções e impulsos (através do uso do umbilicochacra), evocando traços primitivos e antigos, já desnecessários na atual condição da consciência.

Uma questão importante a ser compreendida é o nível de heterocriticidade que envolve uma ideologia. A heterocrítica é voltada ao externo e, normalmente, ocorre de modo exacerbado, acompanhada por intolerância ou inflexibilidade e atrapalhando a inteligência contextual da pessoa que, às vezes, acaba por não conseguir compreender o momento e todo o seu contexto. A técnica da inversão existencial, baseada na Conscienciologia, propõe o uso da autocrítica como ferramenta evolutiva, ao invés de concentrar tanta energia no externo, internalizar, trabalhar a autopesquisa para aprofundar no autoconhecimento e conseguir efetivar ações e atitudes que, de fato, façam a diferença no universo.

As ideologias são prejudiciais, principalmente, por causarem diminuição na lucidez da consciência, o que significa que, quando envolvida com ideologias que despertam sentimentos como paixão e euforia, a pessoa deixa de agir de maneira consciente, ponderada e coerente com o contexto e acaba se deixando levar pelas emoções latentes do momento. Além disso, estes movimentos não consideram a multidimensionalidade, pilar essencial para o inversor, e por isso se tornam menos importantes para serem levados como prioridade.

Em contraponto a estes processos movidos por sentimentos como a paixão, a raiva e a indignação, existe o livre-arbítrio. O livre arbítrio é qualificado pela liberdade que a consciência manifesta, sendo faculdade exclusiva do ser racional. Pode auxiliar o jovem a discernir se é facilmente influenciado pelas ideias dos outros ou se pelo contrário, expressa ideias e opiniões livremente, independente do grupo.

Dentre as condições para identificar seu nível de manifestação do livre-arbítrio, são apresentados 14 exemplos, citados em ordem alfabética:

  1. Abertismo.
  2. Autoconscientização acerca de suas ações.
  3. Autonomia cosmoética.
  4. Conscientização da intrafisicalidade.
  5. Democracia.
  6. Descontrangimento.
  7. Gozo dos seus direitos.
  8. Convivência sadia com o grupocarma.
  9. Ausência de interprisões grupocármicas.
  10. Liberdade de pensamento e de expressão.
  11. Liberdade de dispor-se de si mesmo.
  12. Vivência da multidimensionalidade.
  13. Não sujeição a condicionamentos.
  14. Neofilia.

Quando o livre-arbítrio vem acompanhado da autocrítica, do bom senso e do princípio da descrença, é possível desenvolver um inconformismo sadio e assim, questionar dogmas e padrões de maneira cosmoética, como profilaxia às influências sectárias ou lavagens cerebrais. Neste caso, por exemplo, a pessoa não terá uma conduta agressiva com relação aos costumes e manifestações do grupo, pelo contrário, ela usará de sua força presencial para influenciar positivamente o restante do grupo e gerar novas perspectivas, trazendo novas reflexões, análises e soluções de problemas.

Este tipo de inconformismo é imprescindível, pois com o seu uso, a pessoa aprende a se posicionar perante ideias, pessoas ou instituições de maneira lúcida, primeiro passo para aplicar a técnica da inversão existencial.

Referências

NONATO, et al. Inversão Existencial. Editares: Foz do Iguaçu, Paraná, 2011.

HOUAISS. Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 2009.

Thais Aline Soares é arquiteta e urbanista, voluntária e pesquisadora da Assinvéxis, e coordenadora do Grinvex – Foz do Iguaçu.