A autocrítica é o ato de o indivíduo reconhecer as qualidades e defeitos do próprio caráter, ou os erros e acertos de suas ações, sendo atributo consciencial essencial à aplicação da técnica da invéxis. Já o modismo é o padrão de comportamento, consumo ou pensamento, da pessoa que tende a seguir o que é determinado pela moda sendo, por esse motivo, efêmero e passageiro.

Na vida em sociedade somos expostos a uma grande variedade de modismos, muitos deles imaturos e inúteis, que podem ou não moldar o modo como agimos e pensamos, a depender do nosso nível de autocrítica. Não é possível viver em sociedade sem ter contato, mesmo que esporádico, com algum tipo de modismo, por este motivo é relevante refletir: o que predomina em você, o modismo ou a autocrítica?

Uma pessoa que vive predominantemente sob influência de modismos tem pouca autonomia pois usa como parâmetro das próprias escolhas aquilo que a média das pessoas considera bom, adequado e interessante. E observando a maturidade da maioria das pessoas em nossa sociedade podemos concluir que a média é imatura, logo, encontramos vários exemplos das imaturidades humanas naquilo que se torna moda.

Já a pessoa que se manifesta com predomínio da autocrítica age conforme seu juízo crítico, avaliando a qualidade das próprias decisões, priorizando aquilo que é evolutivamente mais inteligente. Por esse motivo, a autocrítica é essencial à invéxis e oposta a vida pautada pelos modismos. 

Luz representando a autocritica e o modismo
Imagem de Niek Verlaan por Pixabay

Autocrítica, Modismos e Invéxis 

Quem aplica a técnica da inversão existencial, ou invéxis, procura otimizar ao máximo a própria vida, desde a juventude, priorizando aquilo que realmente importa para a realização de sua programação existencial. Neste sentido, o desenvolvimento precoce da maturidade é uma das estratégias adotadas pelos inversores e inversoras existenciais: para priorizar de maneira correta é preciso fazer escolhas maduras. 

A autocrítica auxilia o jovem na aquisição e desenvolvimento da maturidade. Quando avaliamos criticamente nossos atos e escolhas, percebemos nossos erros e as causas destes erros – que por vezes acontecem por imaturidade e inexperiência. Assim, podemos mudar de atitude, redefinir a rota das nossas vidas para melhor, quanto mais exercitamos a autocrítica e implementamos mudanças de vida a partir dela, mais rápido desenvolvemos nossa maturidade consciencial.

O desafio dos jovens de modo geral, e especificamente os aplicantes da invéxis, em desenvolver a autocrítica, é lidar com a inexperiência própria da juventude ao mesmo tempo que sofre as mais variadas pressões culturais, sociais e comportamentais. Grande parte destas pressões surge empacotada em modismo ou modas passageiras, que incentivam comportamentos imaturos com o interesse de promover ideias, comportamentos, produtos e outros interesses escusos.

Parte da explicação para que muitos modismos imaturos se propaguem com facilidade entre os jovens está no fato de que, durante a juventude, todos nós passamos pelo que chamamos de “porão consciencial”. 

Autocrítica, Modismo e Porão Consciencial

O porão consciencial é o período de manifestação mais imaturo do ser humano, que ocorre com predomínio na adolescência, sendo efeito do processo de adaptação da consciência ao seu novo soma – corpo biológico. 

De acordo com o Paradigma Consciencial, toda consciência passa pelo ciclo de ressomas – renascimento – e dessomas – morte biológica – alternando entre vidas intrafísicas e extrafísicas em série. A cada nova vida, a consciência precisa se adaptar ao novo corpo e neste processo tem sua lucidez reduzida a praticamente zero, sendo recuperada aos poucos conforme desenvolve sua maturidade consciencial.

Sendo assim, pelo fato de ainda estar recuperando sua lucidez, a consciência passando pela fase do porão consciencial acaba se manifestando de maneira mais instintual e imatura. É o período em que nossa parcela de bicho predomina sobre nossa parcela de consciência.

Características do Porão Consciencial

Há uma série de comportamentos característicos do porão consciencial, conforme os exemplos listados abaixo, incluindo os modismos que se valem dessas características para se propagar:

1. Belicismo 

Tendência maior a agressividade, brigas e conflitos. Esta característica do porão consciencial auxilia na popularização dos games de guerra, das artes marciais, dos filmes e séries violentos entre os jovens. Na aplicação da invéxis, o jovem busca o desenvolvimento do pacifismo e da anticonflitividade desde cedo;

2. Promiscuidade

A manutenção de vários parceiros sexuais, a ficação e a superficialidade dos relacionamentos é característica do porão e está ligada aos instintos de reprodução. O aplicativo Tinder se popularizou em 2013 oferecendo a sensação de poder escolher um ou mais parceiros dentre infinitas possibilidades. O jovem inversor prioriza a dupla evolutiva, o relacionamento afetivo-sexual monogâmico em que os parceiros se apoiam na busca pelo completismo existencial.

3. Riscomania

O vício em adrenalina, a mania de correr riscos, a irresponsabilidade com a própria vida. Há uma série de esportes radicais que entram e saem de moda, mas que atendem ao mesmo impulso de busca pelo risco e adrenalina. O bungee jump já foi febre no Brasil, assim como o Parkour e outros. O inversor existencial prioriza o cuidado do próprio corpo pensando na longevidade produtiva e substitui a adrenalina pela intelectualidade e reflexão.

4. Sadismo

O gosto pelo sofrimento alheio, pode se manifestar das formas mais crassas às mais sutis. O MMA, um esporte de luta mista que se popularizou nos últimos anos no Brasil, envolve por vezes combates literalmente sangrentos para o deleite dos espectadores. Na invéxis o jovem prioriza a prática da interassistência, o objetivo é promover o bem-estar das outras consciências e não o sofrimento.

5. Sectarismo

Os jovens tendem a se separar em grupos, tribos urbanas, e a viver uma dinâmica de “nós contra eles” com quem pensa diferente de si. A moda e a música procuram se valer desta característica, promovendo dentro destas “tribos urbanas” padrões de vestimenta, consumo de produtos e gêneros culturais. Da mesma forma, o movimento político da moda tende a movimentar as massas de jovens que muitas vezes não sabem o que estão reivindicando – movimento de junho de 2013, Caras Pintadas. Quem aplica a invéxis prioriza o universalismo.

Para avaliar a predominância entre o modismo e a autocrítica em suas atitudes e escolhas, definir o quanto o porão consciencial ainda é presente em sua manifestação é um bom ponto de partida. Conforme explicitado, o porão consciencial é combustível para a propagação de diversos modismos assim como as imaturidades transmitidas por eles. 

Já a autocrítica é o antídoto ao porão consciencial, o jovem que pondera com discernimento sobre os próprios atos percebe os efeitos do porão consciencial e passa a agir de modo mais maduro, fugindo dos modismos. Como efeito da superação do porão consciencial, o jovem passa a assumir sua singularidade consciencial, ou seja, passa a ser mais coerente com sua essência enquanto consciência.

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Modismo e Indústria Cultural

Muitos dos modismos que encontramos na sociedade tem como origem alguma indústria ou negócio que lucra com a popularização de um produto, comportamento, forma de se vestir, entre outras manifestações culturais. Por conta de seu efeito no comportamento das pessoas, em especial os jovens, os aplicantes da técnica da inversão existencial estudam os diferentes tipos de indústria cultural.

O termo “indústria cultural” foi concebido pelos filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer para designar a apropriação pela lógica industrial, de produção em massa e atendimento de demandas do mercado consumidor, sobre a produção cultural. Dentre os problemas gerados por isso está a padronização e a mediocrização da cultura.

Hoje, com o advento da Internet, temos um fator agravante do espalhamento de modismos pelo mundo. As conexões eletrônicas amplificam a velocidade e o alcance de uma série de modismos, alguns surgindo como negócio e sendo popularizados pelas redes sociais, e outros surgindo como comportamentos espontâneos das pessoas, mas que em algum momento podem ser transformados também em produto, ou forma de divulgar um produto.

Movidos pela falta de autocrítica e pela necessidade de participar de tudo aquilo que se torna popular, muitas pessoas embarcam em modismos sem refletir e acabam se arrependendo dos efeitos em suas vidas. Basta uma busca rápida no Google para colecionar histórias e casos problemáticos envolvendo comportamentos, ideias e produtos que estiveram ou ainda estão na moda, como os listados a seguir:

1. Aplicativo da moda

O Tinder se popularizou e abriu caminho para o surgimento de outros aplicativos de relacionamento aproveitando o desejo das pessoas de satisfazerem as carências afetivo-sexuais sem esforço e protegidas por uma tela. Assim surgem casos de pessoas arrependidas, a amplificação da promiscuidade e relatos de comportamentos abusivos de parte dos usuários (Propostas indecentes, insultos e ‘ghosting’: por que os homens perdem a educação no Tinder | Tecnologia | EL PAÍS Brasil) e (Como o cérebro humano lida com o Tinder – BBC News Brasil).

2. Brincadeira da moda

As redes sociais também contribuem para a disseminação de brincadeiras e desafios variados entre as pessoas, alguns deles altamente perigosos como o Desafio do Fogo sendo uma forma evidente de exibicionismo e riscomania (Moda entre adolescentes, desafio do fogo está gerando preocupação; entenda – Hypeness).

3. Comportamento da moda

As câmeras frontais dos smartphones incorporaram as selfies aos hábitos de fotografia das pessoas. Com o tempo, alguns modismos infantis passaram a se propagar entre as pessoas, a exemplo da febre de selfies tiradas em lugares perigoso, um misto de competitividade e exibicionismo em que as pessoas buscam serem notadas pelo risco corrido (Loucura de selfies em locais perigosos leva autoridades a alertarem sobre riscos – R7 Viagens). 

4. Drogas da moda 

Depois de anos de campanha contra o tabagismo e da queda do número de fumantes, a indústria do fumo se reinventa para seguir atraindo consumidores, seja pelo incentivo à legalização da maconha, pela popularização dos narguilés, ou através dos cigarros eletrônicos – teoricamente menos nocivos (Cigarro eletrônico: moda entre jovens também eleva o risco de câncer – Folha Vitória e Tabaco pode seguir passos das bebidas e apostar na maconha – 16/08/2018 – UOL Economia).

5. Profissão da moda

A escolha profissional é um dos pontos centrais da entrada do jovem na vida adulta, proporcionando a sustentação financeira e o desenvolvimento da responsabilidade necessários para a conquista da autonomia e maturidade. Contudo, as novas tecnologias e a busca de alguns pela postergação da adolescência tornaram populares profissões que permitem o estilo de vida dos nômades digitais, trabalhadores sem residência física que viajam o mundo trabalhando através da internet. Tal condição oferece uma suposta noção de liberdade, mas gera uma série de inseguranças que são incompatíveis com a sustentabilidade e pensamento de longo prazo exigidos pela realização da programação existencial (Vida sem caixa postal: nômades digitais dividem suas experiências – e dificuldades – GQ (globo.com))

6. Rede social da moda

Atualmente a Internet dispõem de uma série de redes sociais, cada uma focada em uma necessidade específica do mercado – Instagram, Facebook, Twitter, Snapchat, Youtube. Uma das mais recentes, o TitTok ganhou popularidade rapidamente oferecendo vídeos curtos, feitos geralmente sem muita produção, e em sua maioria tratando de memes, música e desafios que são consumidos em sua maioria por jovens de 16 a 24 anos. O tempo médio que cada usuário fica por dia na plataforma é de 52 minutos, contudo é muito difícil encontrar vídeos com conteúdo educacional ou com informações relevantes (O lado obscuro do TikTok, a rede social chinesa dos vídeos curtos – EL PAÍS Brasil).

7. Plástica da moda 

A busca pela aparência perfeita faz da indústria da estética uma das mais rentáveis no Brasil e no mundo, oferecendo de tempos em tempos novos procedimentos. É o caso da harmonização facial, que ao mesmo tempo que se torna febre, coleciona relatos de pessoas arrependidas com o procedimento (‘Você se olha e não enxerga seus traços’, diz Lucas Lucco após harmonização facial; veja outros exemplos | Fantástico | G1).

8. Tatuagem da moda

O ato de se tatuar ganhou força nos últimos anos impulsionado, em parte por sua popularização através dos meios digitais de comunicação. Hoje, vários artistas e atletas expõem suas tatuagens em redes sociais, programas de tv e outros meios de comunicação. A indústria da tatuagem cresceu fortemente nos últimos anos no Brasil, da mesma forma que cresceu a procura por procedimentos de remoção das tatuagens por pessoas arrependidas ou cansadas da tatuagem feita (Cresce procura por remoção de tatuagem – Folha de Londrina) e (Tatuagem cresce 24,1% nos últimos anos e tema geek é um dos mais populares (terra.com.br)).

Você já experimentou algum destes modismos? Como avalia os efeitos destas modas em seus comportamentos e escolhas? O comportamento impulsivo e irrefletido característico dos modismos é antagônico ao que propõe a técnica da invéxis, justamente viver de forma mais refletida e ponderada, buscando otimizar ao máximo a própria vida desde a juventude buscando a evolução consciencial, a prática da interassistência e o completismo existencial. Deste modo, desenvolver a autocrítica é essencial para o inversor existencial, bem como para qualquer pessoa que deseja ser mais autêntica e coerente consigo mesma.

Autocrítica: como desenvolver

A autocrítica é um atributo que pode e deve ser desenvolvido. Para isso é preciso incluir nos hábitos pessoais atitudes, contextos e situações que suscitem a autorreflexão e a ponderação sobre os próprios atos e escolhas. Abaixo listamos 10 estratégias que podem ser empregadas por qualquer pessoa interessada em ampliar o próprio nível de autocrítica.

1. Debates

A participação em debates públicos expondo as próprias ideias e argumentos, ao mesmo tempo que entra em contato com argumentos e ideias diferentes das suas. O exercício de confrontar nossas ideias com as ideias de quem pensa diferente nos ajuda a aumentar a percepção do quanto entendemos e estamos lúcidos para os fatos do mundo.

2. Escrita

A escrita de artigos, teses e livros submetendo os mesmos à revisão crítica e sincera de outros autores e revisores. Da mesma forma que o debate, a revisão dos nossos escritos aponta as lacunas de compreensão que temos sobre a realidade, sendo oportunidade para a renovação e ampliação das ideias.

3. Exposição

Expressar as próprias ideias em situações públicas, como por exemplo a sala de aula, também serve como laboratório para nos enxergarmos com maior precisão. Em especial nas aulas de Conscienciologia, quando expomos os conceitos de acordo com nossas vivências também temos contato com nossas incoerências e podemos a partir disso atuar para melhorar.

4. EV

A prática do estado vibracional desintoxica as energias e aumenta a lucidez. Quando estamos intoxicados energeticamente temos mais dificuldades de raciocinar e nestas condições nossa criticidade e autocrítica também diminuem. Por tanto, as manobras energéticas que atuam desbloqueando e desintoxicando nossas energias criam condições melhores para a manifestação da autocrítica.

5. Eventos

A Conscienciologia oferece uma série de cursos direcionados ao desenvolvimento da autopesquisa. A participação nestes cursos permite o aprofundamento no autoconhecimento seja pela aplicação de técnicas específicas, seja pelo feedback de professores e alunos. Exemplo, Conscin-Cobaia e ECP1.

6. Heterocrítica

Podemos também buscar ativamente o feedback das pessoas mais próximas para ter uma visão mais ampla da nossa realidade consciencial. Basta solicitar à algumas pessoas que listem seus pontos positivos (traços-força, ou trafores) e seus pontos a melhorar (traços-fardo, ou trafares). 

7. Laboratórios

Nos Campi de Conscienciologia também é possível utilizar laboratórios de autopesquisa para aprofundar o autoconhecimento. É o caso do laboratório Serenarium disponível no Campus da ASSINVÉXIS, em que o experimentador permanece em isolamento por três dias seguidos se autopesquisando. 

8. Livros

A leitura de livros de diferentes linhas de pensamento amplia a cosmovisão do leitor o que permite o acesso a novas ideias e forma de pensar. O confronto de próprias ideias com as ideias novas contidas na leitura permite o exercício da reflexão a autoanálise crítica.

9. Projeções

A prática das projeções lucida da consciência para fora do corpo físico é um fenômeno parapsíquico estudado na Conscienciologia e que permite a vivência de experiências enriquecedoras sobre a própria realidade intraconsciencial. Nas projeções experimentamos a vivência direta de psicossoma e mentalsoma, sem as limitações do corpo biológico, o que permite maior amplitude de pensamento e análise sobre si mesmo.

10. Sinaléticas 

As sinaléticas energéticas são sinais parapsíquicos pessoais que indicam a ocorrência de algum fenômeno multidimensional, por exemplo a aproximação de consciência extrafísica. Quem desenvolve um bom conjunto de sinaléticas consegue utilizar estes sinais como “avisos” de alerta no dia a dia, permitindo evitar situações problemáticas e aproveitar oportunidades interassistenciais.

Se você já aplica ao menos uma parte desta lista em seu dia a dia já há chances de a autocrítica predominar em você frente aos modismos. Caso não aplique, ainda assim é possível começar agora mesmo, e tornar a autocrítica mais presente em sua vida. 

Referências:

Nonato, Alexandre; et al.; Inversão Existencial: Autoconhecimento, Assistência e Evolução desde a Juventude; Associação Internacional Editares; Foz do Iguaçu, PR; 2011; páginas 78 a 89 e 129 a 131.