O autoconhecimento é uma questão levantada desde a Antiguidade, e ainda assim é pouco compreendida e utilizada pela grande maioria da humanidade. É comum o pensamento “Mas é claro que eu me conheço!”, sem refletir verdadeiramente sobre o que sigifica conhecer a si mesmo.
As consciências, ou seja, cada um de nós, compõem seu mecanismo pessoal de funcionamento, reação e percepção em função do desenvolvimento cognitivo através das vivências. Esse processo, acumulado ao longo de várias vidas humanas, torna nossa manifestação verdadeiramente complexa, sendo necessário muita pesquisa para se aproximar de um entendimento mais claro.
Este ponto ainda é pouco explorado pela ciência convencional: a autopesquisa da consciência. Consiste no estudo, através de técnicas e metodologias, da própria consciência, onde assumimos, simultaneamente, o papel de pesquisador e cobaia. Assim como toda investigação científica, a autopesquisa exige o investimento pessoal em tempo, dedicação e sinceridade consigo mesmo, evitando as autocorrupções. A seguinte tirinha ilustra de uma forma bem divertida o paradoxo do autoinvestimento em autopesquisa:
Pesquisando nossos talentos
Quando percebemos a importância do autoconhecimento, é pertinente questionar: “Por onde eu começo?”. Uma estratégia interessante é identificarmos nossos talentos, também conhecidos como traços-força (trafores). As competências particulares de cada consciência não se tratam de dons ou sorte, mas sim de uma parte específica e benéfica do nosso desenvolvimento cognitivo. Ao treinarmos bastante determinado talento ou habilidade, criamos sinapses de como realizar certas coisas, e carregamos essa informação para próximas existências.
Mapas mentais é uma das ferramentas interessantes para levantarmos nossos principais trafores, bem como suas principais interligações, expandindo a visão de conjunto sobre nós mesmos. Observe o seguinte exemplo:
Traforismo
O traforismo é um modo de funcionamento pessoal baseado nos trafores, qualificando as próprias ações através da predominância de pontos fortes sobre os defeitos, conhecidos também como traços-fardo (trafares). A vivência do traforismo vai além da própria manifestação: é um modo de olhar o mundo. Perceber as outras consciências, bem como as situações, com a visão traforista, consequentemente otimista, indica maturidade consciencial, de forma que esse tipo de abordagem aos problemas impulsiona resoluções cosmoéticas e assistenciais.
A busca desse tipo de conduta desde a juventude, através da aplicação do autoconhecimento sobre os talentos pessoais, trata-se da vivência da inversão assistencial, antecipando a maturidade através da recuperação de cons (unidades de lucidez da consciência). No caso do inversor existencial, o traforismo deve se tornar uma perspectiva de olhar o mundo, ainda que exija esforço na reeducação pessoal, pois a antecipação da evolução, da maturidade e da assistência necessita de um certo nível de equilíbrio íntimo, que pode ser proporcionado pela anticonflitividade interna do comportamento traforista.
Desenvolvendo trafores desde a juventude
Procurar desde cedo conhecer os trafores, ou seja, talentos pessoais predispõe seu uso consciente e potencializado e o desenvolvimento de mais trafores. Na juventude, o cérebro físico ainda está em formação, tornando mais fácil a fixação positiva da nossa identidade consciencial nessa dimensão intrafísica. Vale refletir: “Pretendo ressaltar meu lado positivo ou valorizar, tão-somente, minhas imaturidades?”.
Aumentar nossa potencialidade traforista (tanto em relação à postura quanto aos talentos pessoais) é questão de treino: existem inúmeras técnicas, da Conscienciologia ou da ciência convencional, para o autodesenvolvimento, porém, o diferencial está em usar fortemente nossa vontade com disciplina para conquistar esse objetivo.
A fim de dar uma visão mais objetiva de como colocar essas ideias em prática, seguem exemplos de algumas habilidades prioritárias a jovens interessados na evolução lúcida:
Foco. Planejar e organizar o tempo de forma adequada é essencial para termos foco naquilo que é importante para atingir objetivos pessoais de forma eficiente. Buscar cotidianamente a eliminação de dispersões, como uso de celulares e tablets em momentos de estudo, otimiza a produtividade. Na aplicação da Invéxis, o principal exemplo de aplicação e desenvolvimento do foco é o maxiplanejamento invexológico, a autoplanificação técnica da vida desde jovem. Para saber mais, leia o artigo Planejamento de Vida desde a Juventude.
Rotina. Um meio inteligente de desenvolver e aplicar trafores é a rotina útil, ou seja, a manutenção de um ciclo virtuoso de autorganização consolidado por hábitos saudáveis diários. “Anotar o que precisa ser realizado no dia-a-dia, o que fazer em determinados dias e horários, enfim ter uma rotina útil e principalmente priorizar o que realmente é prioritário fará uma grande diferença no dia, na semana, no mês, no ano e na vida.” (CARVALHO, 2013).
Interesses. Observar e procurar compreender as preferências pessoais, podendo ser anotadas em um diário, é uma forma prática de autoconhecimento. A autopesquisa é base para as renovações íntimas e cultivar a inteligência evolutiva.
Foco, rotina útil e autoconhecimento acabam sendo sinalizadores de talentos e indicadores práticos do funcionamento de si mesmo. Para ampliar o entendimento da relação entre trafores e invéxis, assista o seguinte vídeo:
Segundo o Dicionário de Argumentos da Conscienciologia, do professor Vieira, “Os trafores estão compartimentados na maioria das vivências das pessoas porque as mesmas não se dedicam às autorreflexões fundamentais”. Portanto, a essência da conduta traforista não é apenas se perceber sendo otimista, mas também criar sinapses do uso conjugado de talentos em todas as áreas da vida. Fazer isso na juventude é bastante desafiador, pois além do corpo físico estar num momento de instabilidade em função do despertamento hormonal, o fluxo da sociedade é oposto: exaltação de posturas infantis e anti-evolutivas para “viver a flor da idade”. A questão para romper a pressão do contrafluxo é um posicionamento pessoal firme, fortalecido pela busca da vivência coerente em relação aos valores internos da consciência, advindos do curso intermissivo.
Se, diante disso tudo ainda resta a dúvida “Mas eu acho que não tenho talentos…” vale lembrar, como foi lembrado por Albert Einstein:
“Todos somos geniais. Mas se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em árvores, ele passará toda a vida acreditando ser estúpido.”
Referências
CARVALHO, Marlene. Autorganização: a organização de nossa rotina otimiza nosso desempenho existencial. Associação dos Gestores Governamentais do Estado da Bahia, abr. 2013. Disponível em: <http://aggeb.org.br/autorganizacao-a-organizacao-de-nossa-rotina-otimiza-nosso-desempenho-existencial/>
SCHVEITZER, Fernanda. Postura traforista na invéxis. Revista Conscientia, out./dez. 2002.
TELES, Mabel. Traforismo. Revista Conscientia, out./dez. 2003.
VIEIRA, Waldo. Dicionário de Argumentos da Conscienciologia; verbete: Autocosmovisiologia. 2011.
Ibis Cezário Lourenço é estudante de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia. Voluntária da ASSINVÉXIS e integrante do Grinvex-SP.