A sociedade globalizada atual está repleta de estímulos, dos mais diversos tipos, em todos os lugares, e a todo momento. A quantidade de informação que chega até as pessoas nunca foi tão grande como nos últimos anos. De acordo com análises históricas mais recentes, uma criança de 10 anos vivendo no século XXI já recebeu mais informação do que Platão, no século IV a.C., recebeu em toda a sua vida.
Certamente, a globalização trouxe uma série de facilitações para a vida das pessoas, como a difusão em massa de notícias, as trocas de mercadorias entre países, internacionalização de pesquisas, diversificação das formas de entretenimento, entre outros. Porém, houve também uma difusão em massa de patologias, não apenas no sentido biológico das doenças que se espalharam pelo globo, mas condutas negativas que passaram a fazer parte do status quo contemporâneo, e que impactam diretamente na vida alheia, inclusive daqueles que buscam agir diferente dessas tendências.
Hoje em dia, não é incomum ver pessoas de todas as idades, inclusive em colégios e universidades, utilizando drogas modernas que se popularizaram, a exemplo dos pods e vapes; notícias de violência física e verbal correndo soltas na mídia; crimes financeiros dos mais diversos tipos; corrupções governamentais frequentes; conflitos entre países; vídeos na internet com pessoas exibindo uma vida de ostentação, hedonismo (viver através do prazer) e desperdício; sem falar na enorme promiscuidade que infesta a sociedade como um todo, principalmente entre a população mais jovem, abrindo espaço para desavenças, abusos, traições e transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs); além de muitos outros problemas. A análise dos fatos mostra-se implacável.
Além disso, opiniões, convicções, ideias e posturas de terceiros acabam, por vezes, influenciando em nossa própria maneira de se manifestar neste planeta. Não se sabe, de fato, até que ponto o indivíduo é um produto do meio, mas sabe-se que, sem dúvida, o meio influencia no comportamento do indivíduo. Desse modo, para se prevenir destas tendências sociais patológicas e, consequentemente, das próprias tendências autocorruptas, torna-se necessário desenvolver posturas mais assertivas e prioritárias à evolução pessoal, e é exatamente aí que entra a importância dos posicionamentos pessoais sadios na juventude.
Lembrando que você, leitor ou leitora, não precisa acreditar em nada, nem mesmo no que está sendo discutido neste artigo. O inteligente é ter as próprias experiências, fazer pesquisas pessoais e tirar as próprias conclusões a respeito do assunto.
O Que são Posicionamentos Sadios?
Segundo o dicionário Houaiss (2001), “posicionamento é o ato, processo ou efeito de posicionar-se; opinião, posição quanto a algum assunto”. Bom, isso parece meio lógico, não é? Posicionamento é quando a gente se posiciona com relação a algo ou alguém. Então, posicionamento sadio é quando nos posicionamos de maneira sadia com relação a algo ou alguém.
Mas o que, de fato, é se posicionar de maneira sadia? Este questionamento abre espaço para várias interpretações. Pode-se tomar como hipótese que o posicionamento sadio é o mais satisfatório para a própria pessoa que se posiciona; ou o posicionamento sadio é aquele que gera o maior número de resultados positivos a ela; ou aquele que agrada a todas as pessoas etc.. Há muitas possibilidades de interpretação. Na opinião do autor deste artigo, o posicionamento sadio é aquele que consegue impactar positivamente o maior número possível de consciências, e não apenas o indivíduo que se posiciona, porém tomando como parâmetro a variável evolução, isto é, o posicionamento que auxiliar na evolução do maior número possível de consciências é o mais sadio.
A evolução não seria apenas um avanço do desenvolvimento biológico do indivíduo, sobre a qual Charles Darwin e outros biólogos pesquisaram. Neste caso, estamos falando de evolução consciencial, nossa evolução enquanto consciência, pautada no paradigma consciencial. Esta evolução se dá a partir de uma manifestação pessoal melhor, de modo a desenvolvermos hábitos mais saudáveis e rotinas mais úteis, que poderão auxiliar outras consciências a também desenvolverem posturas sadias.
Existem três principais atributos que são chaves para nortear os posicionamentos sadios: a intenção qualificada, a vontade e o autodiscernimento. A intenção está relacionada ao motivo pelo qual eu desejo tomar uma atitude, o que eu almejo com aquilo. Um exemplo de intenção que está desqualificada ou deslocada seria realizar algo apenas para prejudicar alguém, ou fazer algo com o objetivo secundário de me autopromover, mesmo que esta ação possa auxiliar alguém.
A vontade é a energia-base que nos leva a fazer ou deixar de fazer algo. O autesforço, a automotivação e a autodeterminação são exemplos de posturas que demonstram alto nível de vontade, e podem auxiliar a pessoa a sustentar mudanças de hábitos para melhor.
Já o autodiscernimento está relacionado à capacidade de discernir, diferenciar o certo do errado, o positivo do negativo, o falso do verdadeiro, o lógico do ilógico, e assim por diante. É a capacidade de ampliar a assertividade na tomada de decisões. A opção por escolhas que contribuem para a evolução pessoal e dos demais demonstra elevado autodiscernimento, pois este também está pautado no paradigma consciencial.
De nada adianta possuir intenção qualificada (“Desejo o bem para todas as consciências, quero me tornar uma pessoa melhor e vou fazer do mundo um lugar melhor”) e vontade inquebrantável (“Não vou medir esforços para fazer isso”) sem autodiscernimento, afinal é ele quem irá determinar o nível de assertividade das ações.
Por exemplo: uma pessoa pode querer esclarecer a todo custo uma ideia de ponta que estudou, com a intenção de auxiliar o outro a refletir, mas sem avaliar se o ouvinte já está preparado para receber tal ideia, podendo cair num contexto no qual ela irá impor a ideia à força, contra a vontade da outra consciência, atrapalhando mais do que ajudando. Portanto, se, mesmo objetivando assistir outras pessoas ou a mim mesmo, eu tomo uma decisão que, no final, trouxe mais prejuízos do que benefícios, atuei com baixo discernimento, então de nada adiantou.
Tomemos outra situação como exemplo: Você tem o hábito de não arrumar a casa. Esta postura pode se encaixar como um traço de desorganização, portanto, um posicionamento negativo, ou um traço-fardo. Se você mora com outra pessoa, independentemente da sua idade, isso a impactará negativamente. Agora suponha que você, após reflexões pessoais ou diálogos com essa pessoa, consegue reconhecer que manifesta este traço-fardo. O próximo passo seria, então, mudar sua conduta. Mas como fazer isso? Através de um posicionamento sadio, que, nesse caso, poderia ser: “Verifiquei que esta conduta está atrapalhando a mim e as pessoas ao meu redor, então estou decidido a mudá-la para melhor. Vou agora mesmo arrumar minhas coisas e ficar atento aos meus atos para não voltar a ser desorganizado”. Este é um exemplo de posicionamento sadio, pautado na intenção mais qualificada (quero me auxiliar e auxiliar os demais), na vontade qualificada (vou me esforçar para isso) e no autodiscernimento (a partir de um ato que realmente irá ajudar na mudança de hábitos pessoais e, possivelmente, de outras pessoas).
“Ah, mas eu moro sozinho, então tudo bem eu deixar minha casa desorganizada, pois isso não impacta mais ninguém além de mim”. Mas este é o ponto: Impacta diretamente em você, a própria pessoa que pratica a ação. De que forma? Pelo fato de que este posicionamento não vai auxiliá-lo a melhorar a sua postura, ele não irá resolver os seus problemas. Enquanto você não ver problema em se manter desorganizado, continuará assim eternamente. Esta postura demonstra, além de intenção desqualificada e falta de vontade (“Eu não quero me ajudar a melhorar”), baixo discernimento pessoal (“De fato, vou manter atitudes que continuarão me prejudicando”). O próprio indivíduo dá o mau exemplo a si próprio. Fazer a mudança dos posicionamentos pessoais ajuda a pessoa a melhorar a sua manifestação pessoal e, por consequência, passar a dar o exemplo aos demais, mas acima de tudo, a si mesmo.
Pense em alguém que passou a admirar após ajudá-lo em algo: certamente, você admira esta pessoa por algum posicionamento hígido que ela possui, seja uma ideia, uma conduta ou uma opinião, a qual lhe auxiliou a passar por alguma situação desconfortável. Esta pessoa, mesmo não sabendo, está dando um bom exemplo a você e, consequentemente, a ela mesma. Caso saiba disso, provavelmente dará mais motivação pessoal a si própria para continuar se posicionando de modo sadio.
Este pensamento pode ser extrapolado para além do simples hábito de arrumar a casa, quando passamos a refletir mais a fundo sobre nossas próprias autocorrupções, enganos pessoais, erros, equívocos e omissões deficitárias. Ao verificar que estamos progredindo na melhora das nossas ações, isto vai corroborando com motivação pessoal para melhorar cada vez mais, ampliando a vontade de avançar e qualificando gradativamente nossa manifestação. E o mais interessante é que isso pode ser feito em qualquer período da vida, inclusive na juventude.
A Importância dos Posicionamentos Sadios na Juventude
Sabe-se que a juventude é uma fase que pode ser conturbada emocionalmente. O corpo biológico ainda está em desenvolvimento; é uma fase de tomada de decisões importantes, como a escolha da profissão, o período de estudos para o vestibular, a assunção de novas responsabilidades e interesses, como um relacionamento afetivo-sexual, novos círculos sociais, auxílio a parentes ou amigos, voluntariado, pesquisas pessoais; também é a fase na qual há afloramento mais intenso de traços-fardos (o que chamamos dentro da Conscienciologia de Porão Consciencial), como rebeldia, imaturidade, agressividade, competitividade, promiscuidade, hedonismo, entre outros. Ademais, é o momento em que os jovens, muitas vezes, buscam padrões sociais com base em comportamentos que os membros da sua geração têm em comum.
Óbvio que há um viés positivo nisso, afinal é importante o jovem desenvolver sua independência, encontrar as pessoas com a qual possui maior afinidade e buscar a formação de opinião própria acerca do mundo. Entretanto, não se pode deixar de lado que existe a tendência de o indivíduo, ainda na adolescência ou início da adultidade, devido à inexperiência de vida, entrar em situações que prejudicam sua manifestação, como festas universitárias com bastante promiscuidade, bebidas, às vezes até consumo de psicotrópicos (drogas); discussões com pessoas de temperamento forte que acabam gerando conflitos; pode acontecer de a pessoa, por falta de autoposicionamento, ceder a opiniões e ideias equivocadas de outrem, minimizando o autopensamento próprio, ou pode acabar entrando em contextos desagradáveis; enfim, uma série de circunstâncias negativas.
E para haver priorização de escolhas mais rentáveis evolutivamente por parte do jovem, necessita-se de constantes posicionamentos sadios pautados na qualificação da autointenção, da vontade e do autodiscernimento, isto é, trazer para pesquisa pessoal (autopesquisa) os pontos citados nos parágrafos anteriores, de forma a conhecer o seu modus operandi (modo de operar, de funcionamento) e, mais importante, o seu modus pensandi (modo de pensar), conseguir tomar decisões mais assertivas, e sustentar as próprias posturas saudáveis contra as patologias pessoais e grupais.
O que todas estas condutas patológicas têm em comum? Elas trazem consequências ruins para várias pessoas ao mesmo tempo, e, portanto, podem gerar um enorme arrependimento quando o indivíduo que as pratica finalmente “cai na real” a respeito do seu comportamento negativo.
Um dos principais problemas da sociedade jovem atual é a falta de enfrentamento do desconforto. Nossa tendência instintiva sempre é fugir de um problema ao invés de enfrentá-lo, e é o que a maioria dos jovens acaba por fazer devido ao maior grau de imaturidade, não só biológica, mas em questão de experiências de vida. Tal postura já demonstra falta de autodiscernimento (veja que é um atributo sempre relacionado na nossa manifestação), uma vez que optar pela falta de autoenfrentamento não irá resolver os nossos problemas nem irá ajudar a nos melhorarmos. Pelo contrário, só irá postergar os problemas, tornando-os mais difíceis de serem resolvidos e podendo trazer danos irreversíveis para a vida da pessoa.
Não é raro ouvir pessoas acima de 50 anos, ou mesmo antes do início da meia-idade (aos 40 anos), dizerem que se arrependeram de tomar certas decisões equivocadas na juventude, ou que foram ruins para o seu futuro existencial devido à imaturidade, e que, se pudessem, voltariam no tempo e fariam diferente.
Aí também entra a importância de desenvolver posicionamentos profiláticos (autoprofilaxia) desde cedo. A autoprofilaxia é a postura de evitar a ocorrência ou complicação de uma situação desconfortável ou prejudicial para si ou outrem. É outra característica que possibilitará a evitação destes erros comuns que foram trazidos ao longo do texto, e para isso, é necessário um atributo sobre o qual já falamos bastante aqui. Isso mesmo, o autodiscernimento.
Como o jovem não costuma refletir sobre as próprias posturas imaturas, não busca mudança precoce das suas ações para evitar ou antecipar problemas maiores no futuro, acaba agindo de maneira antiprofilática. Inverter essa chave ainda na juventude é o que possibilitará um restante de vida mais positivo e produtivo evolutivamente.
Sabemos que não adianta chorar sobre o leite derramado, porém é importante ser inteligente e se prevenir para não derramar o leite.
Resumindo, posicionar-se de modo sadio é aprender a sobrepairar aquilo que não está de acordo com os nossos valores evolutivos, exigindo intenção qualificada, vontade qualificada e autodiscernimento. E, obviamente, devido ao processo evolutivo pelo qual a própria humanidade está passando, será necessário se posicionar contra as tendências mesológicas negativas o tempo todo, de modo a adquirir imunidade consciencial, ou seja, não se deixar simplesmente seguir no fluxo convencional antievolutivo.
Se você busca fazer um movimento de mudança íntima, nada garante que você vai conseguir melhorar. Porém, se você opta por ficar estagnado com os mesmos hábitos de sempre, isso com certeza garante que você não vai conseguir melhorar. A escolha é sua. Escolha de maneira discernida e se esforce.
Espera-se que, ao final desta leitura, você consiga refletir sobre os próprios posicionamentos pessoais, e possa decidir com maior clareza se deseja optar por manter as autocondutas nosográficas, ou começar a se posicionar para construir hábitos mais sadios e ir contra as posturas patológicas da juventude, focando desde já no planejamento e assentamento das bases para a realização daquilo que você sente que nasceu para fazer.
Felizmente, existe uma técnica evolutiva que possibilita a ampliação do autodiscernimento e o fortalecimento dos posicionamentos sadios desde a juventude. Esta técnica se chama inversão existencial, ou invéxis. Ela é uma técnica pautada no paradigma consciencial, que busca justamente a otimização máxima da vida humana desde a juventude, de modo que a pessoa consiga, desde cedo, qualificar as posturas pessoais, realizar assistências de mais alto nível a si mesma e a outras consciências, e cumprir todas as metas evolutivas às quais se propôs nesta existência.
A técnica da invéxis nada mais é do que a opção pessoal, precoce, prioritária, profilática e definitiva, pelas escolhas que são mais rentáveis evolutivamente. É possível que o jovem, desde cedo, desenvolva estes posicionamentos sadios e consiga alavancar o seu processo evolutivo.
Além desta publicação, também é possível encontrar muitos verbetes sobre Invexologia, a especialidade que estuda a inversão existencial, na Enciclopédia da Conscienciologia.
Se você se interessou por esta técnica e deseja conhecer mais sobre a invéxis, acesse os conteúdos do nosso site, acompanhe nosso canal no YouTube e fique ligado em nossa agenda de eventos e cursos. A ASSINVÉXIS promove constantemente atividades sobre inversão existencial.
Referências:
- 1. Filho, Thiarles S.; Autoposicionamento Cosmoético Sustentador da Invéxis; Artigo; Anais do XXXII Simpósio do Grinvex (SIG); Foz do Iguaçu, PR; 10-11.09.22; Gestações Conscienciais; Revista; Anual; Vol. 1; Associação Internacional de Inversão Existencial (ASSINVÉXIS); Foz do Iguaçu, PR; S.D.; páginas 84 a 90.
- 2. Houaiss, Antônio; & Villar, Mauro de Salles; Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa; LXXXIII; 2.926 p.; 23 x 30,5 x 7,0 cm; Objetiva; Rio de Janeiro, RJ; 2001.