Você está planejando sair de casa? Já listou tudo o que precisa fazer para concretizar essa meta? Sabe quais os possíveis efeitos dessa mudança na sua vida? Entenda aqui qual é a relação entre a saída da casa dos pais e o desenvolvimento de maior autonomia, sob a ótica do paradigma consciencial e da técnica da invéxis.

saída da casa dos pais
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Frequentemente quando pensamos no que precisamos fazer para nos tornarmos adultos, associamos essa fase a uma série de metas que envolvem o desenvolvimento de maior autonomia: isto também significa deixar de depender dos nossos pais, para “nos bancarmos” por nossa própria conta.

O fato é que tornar-se adulto é muito mais do que ir ao médico sozinho. Na sociedade observamos diversas acepções sobre ser adulto, por exemplo, ter autonomia financeira, atingir a maioridade legal, sair da casa dos pais, ingressar na faculdade, constituir família ou ainda tomar decisões por si mesmo. 

Como se sabe, a saída da casa dos pais é o movimento que a pessoa faz para mudar-se da residência dos genitores ou lar familiar original, para novo ambiente, assumindo a responsabilidade de organizar e gerenciar a própria vida, desenvolvendo maior autonomia. Contudo, observamos diversos casos em que a pessoa faz esse movimento de mudança, mas ainda não assume totalmente as responsabilidades de tornar-se adulto.

Às vezes, mesmo morando em locais diferentes, a pessoa permanece financeira ou emocionalmente dependente dos pais. Em alguns casos, a pessoa vive a rotina da semana, de trabalho e estudos longe da família, mas todos os finais de semana volta para a casa dos pais, para a mãe lavar as suas roupas ou preparar as marmitas da semana. Você conhece algum caso assim?

Obter ajuda da família em contextos de maior necessidade devido a adaptação em uma nova moradia não é necessariamente ruim. Mas aqui vale a reflexão: o que falta para eu definitivamente parar de depender dos meus pais? Existe alguma característica da minha manifestação que dificulta o desenvolvimento da minha autonomia plena? 

Saída da casa dos pais versus Geração Canguru

Permanecer morando na casa dos pais mesmo já tendo atingido a fase adulta da vida vem tornando-se frequentemente mais comum do que nas gerações anteriores. O fenômeno da Geração Canguru mostra esse fato e cada vez mais observamos pesquisas sendo realizadas sobre esse assunto nas ciências sociais.

Segundo a psicóloga e pesquisadora Mariana Figueiredo (2013, p. 19), em relação à faixa etária do filho, para que ele seja considerado canguru, as informações divulgadas pela mídia e pelo meio acadêmico divergem.

Em sua publicação intitulada “Geração Canguru: ninho cheio, filhos adultos morando com os pais” ela amplia os limites do conceito etário para todo filho com idade a partir de 25 anos, já formado em curso superior e, na maior parte das vezes, inserido no mercado de trabalho, estendendo-se até idade próxima aos 40 anos, uma vez que o fenômeno Geração Canguru também é observado nos filhos com mais idade.

Além de ser um fenômeno crescente em comparação às gerações anteriores, ele também é influenciado por uma série de aspectos culturais e socioeconômicos que buscam explicar o porquê ele ocorre. É por isso que mesmo existindo uma ascendência mundial da Geração Canguru, esse fenômeno é mais observado em alguns países do que em outros.

A cultura brasileira, em comparação com a cultura americana ou a europeia, caracteriza-se por manter os filhos mais tempo em casa. Ingressar na universidade e permanecer na casa dos pais é visto como natural para as famílias brasileiras, diferente do que ocorre em outras culturas, que lançam os filhos ao mundo, ainda na adolescência (Figueiredo, 2013, p. 20).

Quando estudamos os hábitos familiares relacionados à Geração Canguru, notamos a existência de uma “pressão” ou “tendência” de segurar os filhos em casa por mais tempo, mesmo quando esses já têm condições razoáveis para “alçar voo”. No geral, essa postura é manifestada pela mãe (mais do que pelos pais), superprotetora, que deseja ter seu filho morando em sua casa por mais tempo. 

Em muitos casos, a convivência prolongada no lar parental gera prejuízos para os membros da família:

  • Os filhos prolongam a adolescência, adiando o desenvolvimento de maior autonomia, postergando responsabilidades e diversas outras experiências significativas da vida adulta.
  • E os pais (por mais afeto que incontestavelmente possuem), têm na convivência com os filhos adultos uma “válvula de escape” para não olhar para outras prioridades ou projetos de vida, ou até mesmo não dar atenção à saúde do casal para além da parentalidade. 

Independente das influências familiares ou os contextos culturais e condições socioeconômicas, é relevante pensar que cabe somente à própria pessoa o poder de mudar sua realidade para melhor, enfrentando medos e superando dificuldades naturais da vida, fazendo o possível para se desenvolver, utilizando todos os seus potenciais e recursos disponíveis. A vontade é o maior poder da consciência. Isso faz sentido para você? 

Saída da casa dos pais: autopesquisa e transição para a adultidade

A família nuclear, em geral, é o primeiro grupo no qual fazemos parte. Tal grupo de pessoas impacta diretamente nossa formação enquanto indivíduos, influenciando gostos, escolhas, tendências, comportamentos, devido aos aspectos culturais e valores que a permeiam. 

Contudo, segundo o paradigma consciencial, a consciência possui predileções manifestadas de modo individual, mais singular, sem que haja uma influência direta da família intrafísica.

É preciso estar atento às ideias que temos. A observação apurada de nossos pensamentos pode servir de rico material de autopesquisa, indicando caminhos prioritários para nossa evolução pessoal. 

Esse movimento de maior autonomia de pensamento é um passo essencial para nosso verdadeiro amadurecimento. Por mais positivo que seja nosso ambiente familiar, é preciso que desenvolvamos constantes reflexões e decisões de vida de modo centrífugo – de dentro de nós, para fora. Somente assim, conseguimos realizar ações convergentes com nosso propósito de vida, ou proéxis

Por outro lado, se não desenvolvermos essa autonomia geral (em todas as áreas) em nossa vida, a tendência de isso se refletir nas interrelações familiares de modo negativo, é grande. 

Qual é o percentual de dependência da sua família nuclear que você ainda manifesta? Em que nível isso atrapalha sua evolução? De modo prático, o que você pode fazer para superar essa condição?

Tais reflexões nos ajudam a compreender nosso próprio funcionamento com relação a convivência com a nossa família. E se existe algum nível de dependência, é importante estudar a si mesmo, a fim de superar os pontos negativos de modo prático para adentrar na fase adulta da vida com maturidade. 

Saída da casa dos pais e Inversão Existencial

A inversão existencial ou invéxis é a técnica de planejamento máximo da vida humana, fundamentada na Conscienciologia aplicada desde a juventude, objetivando o cumprimento da programação existencial, o exercício precoce da assistência e a evolução (Nonato, et al, 2011, p. 22).

A invéxis promove uma aceleração da recuperação de cons (unidade hipotética de lucidez) do curso intermissivo (período extrafísico de preparação da próxima vida intrafísica), devido à atuação interassistencial e à antecipação da maturidade, propostas na técnica. 

Mas de qual modo a invéxis pode auxiliar o jovem que pretende sair da casa dos pais?

O maxiplanejamento invexológico é a ferramenta técnica que estrutura a aplicação da invéxis. A partir desse planejamento de vida, o inversor existencial irá estabelecer metas de curto, médio e longo prazo, com base em seus valores e princípios evolutivos, buscando materializar na vida humana as metas que foram estabelecidas no curso intermissivo (aplicação das unidades de lucidez). 

Nesse sentido, a invéxis otimiza e impulsiona o projeto de vida do inversor, criando ambiente favorável à antecipação da saída da casa dos pais. 

10 reflexões para sair da casa dos pais na invéxis

Quando se pensa em sair da casa dos pais, é preciso ter realismo para avaliar os fatores positivos e negativos desse movimento de mudança, de acordo com a bagagem individual de cada um (temperamento pessoal, motivação, intenção, valores, metas de vida). Essa é uma decisão importante, que implica consequências para a vida toda e por isso, precisa ser refletida com muita autocrítica, a fim ampliar a assertividade na tomada de decisão e planejamento.

Eis a seguir, em ordem alfabética, uma lista de 10 contextos relacionados à saída da casa dos pais, para reflexão:

  1. Afetividade. Qual o seu grau de carência afetiva? Ainda se sente muito sozinho, ignorando a atuação dos amparadores de função em suas atividades interassistenciais? Tem medo de sair de casa em função da distância dos familiares e amigos ou sabe lidar com a saudade de forma madura? Avaliar seu grau de afetividade te deixará mais lúcido sobre sua interação com os ambientes e demais consciências.
  2. Alimentação. Você já faz a sua própria comida? Se responsabiliza por fazer as compras para a casa ou terceiriza essas responsabilidades para seus pais? Cuidar e manter uma alimentação saudável e a organização básica da casa necessita disciplina. 
  3. Dinheiro. Como você lida com o dinheiro? Esse assunto te deixa seguro ou te deixa ansioso? Administrar o dinheiro é fundamental para manter o equilíbrio entre as nossas responsabilidades e compromissos (incluindo o lazer saudável). 
  4. Emprego. Você já trabalha? Consegue bancar a saída dos pais com recursos próprios? Entende a importância do desenvolvimento profissional para tornar-se adulto? A escolha de uma carreira profissional, por exemplo, interfere diretamente na nossa vida. 
  5. Família. Como é sua relação com a família? Mais positiva ou mais negativa? Quais os graus de dependência entre os membros? Você ainda pensa em sair de casa para “se livrar” ou fugir de determinada situação? A saída da casa dos pais não afeta somente o jovem que realiza a mudança, mas todo o núcleo familiar mais próximo. Ter claro para si as reais motivações para sair de casa, ajuda a sustentar o posicionamento pessoal e tende a facilitar a compreensão da família. 
  6. Grinvex. O Grupo de Inversores Existenciais possui um papel de grande importância no desenvolvimento do inversor existencial. Diversas conquistas pessoais (desenvolvimento da intelectualidade e comunicabilidade, por exemplo) são proporcionadas pela assistencialidade do grupo. Tais competências podem ser grandes facilitadores na hora de assumir novos desafios e responsabilidades, como a saída da casa dos pais. Você aplica a invéxis? Integra algum grinvex?
  7. Parapsiquismo. O desenvolvimento parapsíquico é indispensável na invéxis e é uma oportunidade para o autoconhecimento mais profundo. Nesse sentido, a partir da saída da casa dos pais, pode-se observar uma alavancagem no desenvolvimento de percepções extrafísicas devido a ampliação das interações realizadas pelo jovem. Você investe no desenvolvimento do parapsiquismo sadio?
  8. Porão Consciencial. Em qual grau você manifesta o porão consciencial? O comportamento predominantemente imaturo é atraso de vida.
  9. Saúde. Qual o seu histórico de saúde? Fica doente com frequência? O que você pode fazer hoje para fortalecer sua saúde física, emocional e mental?
  10. Voluntariado. O voluntariado em Instituição Conscienciocêntrica propicia a assunção de trafores (traços-força, qualidades) que, nos momentos de mudança, geram confiança e pacificação íntima. Você se dedica ao voluntariado tarístico?
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Efeitos evolutivos da saída da casa dos pais

A saída da casa dos pais é uma das metas fundamentais para o desenvolvimento de maior autonomia para o inversor ou inversora existencial e esta está diretamente relacionada com a vida adulta, devido aos efeitos gerados. 
Eis a seguir, em ordem alfabética, 16 efeitos positivos que foram observados na experiência da autora, a partir da saída da casa dos pais no contexto da invéxis:

  1. Assistência. Adoção de postura tarística (tarefa do esclarecimento) e assistencial perante o grupocarma, a partir da compreensão de que as pessoas da nossa família são consciências em evolução e que, muito mais do que erros e acertos, trazem consigo uma bagagem holobiográfica, de todas as suas vidas anteriores.
  2. Autenticidade. Maior transparência nas interrelações, sem se deixar influenciar por outras pessoas, tendo ideias íntimas bem estabelecidas que permitem interagir com os mais diversos grupos e agir de forma sincera.
  3. Autoconfiança. Desenvolvimento da autoconfiança a partir da assunção de responsabilidades. Colocar-se em situações desafiadoras a fim de resolver sozinho os problemas que surgem favorece o fortalecimento do sentimento de capacidade.
  4. Autodidatismo. O hábito de instruir-se por conta própria, sem professores ou preceptores diretos, para além da escolaridade formal. 
  5. Autonomia. A autonomia como oportunidade de tomar decisões de acordo com as próprias considerações e vontades.
  6. Crescimento. Vivências de crises de crescimento que intraconsciencialmente geram mudanças.
  7. Criticidade. Confrontar ideias e realidades a partir da interação com outras pessoas, tomando para si o que de melhor se pode aprender, mantendo sempre o senso crítico atuante.
  8. Desrepressão. Desrepressão emocional devido ao maior distanciamento familiar e investimento no autoconhecimento. 
  9. Diplomacia. Moderação para conviver com outras pessoas que não fazem parte da família nuclear e que, portanto, possuem valores e hábitos diferentes dos nossos.
  10. Disciplina. Desenvolvimento de disciplina e organização para realizar as atividades com qualidade – estudar, trabalhar, cuidar da alimentação, da casa, das roupas, demais tarefas domésticas e manter a autopesquisa inserida neste contexto.
  11. Enfrentamento. Busca contínua por melhoria pessoal, perante as novas vivências, enfrentando as próprias dificuldades a fim de superá-las. 
  12. Estudo. Valorização do desenvolvimento intelectual, superando a insegurança ocasionada pela falta de experiência devido à pouca idade.
  13. Evolução. A partir da prática da invéxis, identificamos trafares (traços-fardos) e assumimos trafores (traços-força) com maior assertividade, devido à autopesquisa constante.
  14. Ideias inatas. Percepções, sinais, indicadores e ideias – mesmo que intuitivas – advindas de um processo anterior ao da atual vida intrafísica. As ideias inatas podem aflorar devido à mudança de ambiente (saída da casa dos pais).
  15. Identidade. Superação de ranços mesológicos, objetivando agir com as próprias convicções trazidas pelas experiências pessoais, a fim de criar a própria identidade, mais imparcial quanto aos padrões preestabelecidos.
  16. Identificação de valores. Mapeamento de ações, reações e pensenes que culminam na identificação de valores pessoais.

E você, já saiu da casa dos pais? Qual o saldo dessa mudança na sua vida? Se ainda mora com seus pais, pretende realizar essa mudança? O que precisa fazer para concretizar essa meta?

Referências Bibliográficas:

  1. Nonato, Alexandre; et al.; Inversão Existencial: Autoconhecimento, Assistência e Evolução desde a Juventude; pref. Waldo Vieira; 304 p.; 70 caps.; 17 E-mails; 62 enus; 16 fotos; 5 microbiografias; 7 tabs.; 17 websites; glos. 155 termos; 376 refs.; 1 apênd.; alf.; 23 x 16 cm; br.; Associação Internacional Editares; Foz do Iguaçu, PR; 2011, página 22.
  1. Pellenz, Gabriela; Desbravamento pessoal por meio da saída da casa dos pais; Artigo; Anais do XXVIII Simpósio do Grinvex; Belo Horinzonte, MG; Setembro, 2017; Revista SIG; Revista; Vol. 1; N. 1; Seção Autossuficiência na Invéxis; 2 abrevs.; 4 citações; 5 enus.; 1 estatística; 3 técnicas; 11 refs.; ASSINVÉXIS; Foz do Iguaçu, PR; 2019; páginas 93 a 104.
  1. Idem; Saída da Casa dos Pais; verbete; In: Vieira, Waldo; Org.; Enciclopédia da Conscienciologia; Verbete N. 4.745; apresentado no Tertuliarium / CEAEC, Foz do Iguaçu, PR; 31.01.2019; disponível em: <http://encyclossapiens.space/buscaverbete>; acesso em: 25.03.2023; 18h58.
  1. Figueiredo, Mariana. Geração Canguru: ninho cheio, filhos adultos morando com os pais; pref. Dra Ceneide Cerveny, 190 p.; 15 caps.; nVersos Editora; São Paulo, SP; 2013.